09 abril 2006

Barrow, AK (Cidade 0)

Barrow é a cidade mais a Norte dos Estados Unidos da América, e considerada a povoação mais a Norte do mundo. Situa-se mais de 500 km acima do Círculo Polar Ártico. Tem cerca de 4500 habitantes. O seu nome antigo é Utqiagvik, que significa "sítio onde corujas são caçadas" na linguagem Inupiaq. O seu nome recente vem de Sir John Barrow, que em 1825 explorou a geografia do Norte do continente americano, especialmente a definição da linha de costa.

Barrow fica situada na região da Tundra, a zona mais recôndida e menos populada do estado do Alasca, onde as cidades e vilas não têm qualquer tipo de ligação rodoviária e/ou ferroviária, sendo apenas acessíveis de avião ou barco (embora os mares estejam congelados mesmo nos meses de menos frio). Estas cidades da tundra são também conhecidas por sistemas de canalização, electricidade e aquecimento muito fortes e protegidos, devido ao frio permanente. Estes são montados muitos metros abaixo do chão, e sobem directamente para as casas. Dentro destas, as temperaturas ascendem aos 25ºC, mesmo quando na rua estão -40ºC (nada de extraordinário em Barrow). Já pensaram então o que deve ser estar em casa e pôr a cabeça de fora só para ver "como está o tempo na rua"? Vai uma amplitudezita térmica de 65ºC??

A história da cidade remonta a 500 A.C., onde escavações arqueológicas desenterraram vestígios de antigas comunidades esquimós. Na verdade ainda hoje muitos esquimós habitam a zona de Barrow, tornando a cidade numa mistura entre o antigo e o novo, o tradicional e o moderno. O nível de vida é relativamente elevado, acima da média americana. Tal deve-se ao petróleo e gás natural existentes em abundância na zona, que permitem um farto uso dos recursos para electricidade, deslocações, aquecimento, etc.

Outra comunidade abundante é a fauna local. Num dia de turismo por Barrow (fora da cidade, evidentemente) podemos encontrar ursos polares, ursos pardos, raposas do ártico, raposas vermelhas, caribús, alces, corujas das neves, lobos, baleias, castores e focas.

A Norte da cidade de Barrow podemos encontrar o Cabo Barrow, onde existe uma importante estação meteorológica, que monitoriza constantemente as condições, bem como vários fenómenos, existentes nas regiões árticas.

E por falar em fenómenos, falta apenas falar das grandes atracções de Barrow, pela sua situação geográfica. Na verdade, e para além do fascínio que a cidade de Barrow oferece em qualquer cartão postal, três fenómenos podem ser observados ao longo do ano:

  • Inverno - Visto que se situa acima do Círculo Polar Ártico, era de esperar que Barrow tivesse alguns "dias" durante o Inverno em que o Sol simplesmente não nascesse. Mas 2 meses?!? Pois é, entre 18 de Novembro e 24 de Janeiro de cada ano, o Sol não sobe acima da linha do horizonte. No entanto chega a estar apenas 6º abaixo da mesma, podendo-se considerar crepúsculo. Durante o crepúsculo, se o céu estiver limpo, é possível de praticar actividades ao ar livre sem necessidade de luz artifical. No dia mais curto do ano, meados de Dezembro, Barrow tem 3 horas de crepúsculo, e 21 horas de noite escura. Também a lua tem movimentos estranhos, visto que chega a ficar no céu mais de 3 dias sem desaparecer de linha de vista, e quase sempre em fase de Lua Cheia, ajudando a iluminar;
  • Verão - E o reverso da medalha? Pois, entre 10 de Maio e 2 de Agosto o Sol não se põe em Barrow. É o conhecido "Sol da meia-noite", tantas vezes utilizado para livros, filmes, etc. Também no Verão de Barrow o Sol não sobe muito no céu, sendo portanto dias frios, com médias pouco acima de zero graus. É uma altura de corrida às lojas em busca de material para poder tapar as janelas durante as horas de "noite", especialmente para hotéis, onde os turistas que chegam para apreciar este fenómeno têm muita dificuldade em se habituar a tais horários. Na verdade a população de Barrow perde todo o sentido de "horas" durante estes meses. As pessoas trabalham durante as mesmas horas, mas não obrigatoriamente nas mesmas alturas. As lojas podem abrir a meio da "noite", e as crianças podem brincar às 4 da "manhã", e depois dormirem durante a "tarde". Vêem como a própria definição de "manhã", "tarde" e "noite" perde TODO o sentido? :o) Na figura abaixo é possível observar uma fotografia tirada em Julho às 3 horas da manhã.
  • Aurora boreal - Barrow pode ser considerado o sítio perfeito para ver Auroras Boreais. Primeiro porque é imensamente a norte, e depois porque os meses nocturnos permitem observá-las perfeitamente. Na verdade chega a ser quase caricato, visto que por vezes Barrow chega a estar demais a Norte para ver algumas auroras!!
E pronto, assim ficam os meus conhecimentos acerca de Barrow. Curiosidade: na foto abaixo, uma imagem do momento mais claro de um dia, onde o sol nasceu há 7 minutos, e se porá daí a outros 7 minutos!!

Pequeno dicionário:

Círculo Polar Ártico - É o paralelo N66º33'39'', paralelo esse que delimita a região a partir da qual o Sol é visível no céu durante mais de 24 horas (solstício de Verão), e vice-versa a partir da qual o Sol não nasce durante mais de 24 horas (solstício de Inverno).

Inupiaq - Um dos dialectos das zonas árticas, falado inicialmente pelos esquimós. Contém 3 vogais e 13 consoantes apenas.

Tundra - zona situada entre a latitude limite do crescimento de árvores e os gelos polares, cuja vegetação, característica do Norte da Sibéria, Rússia e Alasca, é composta de líquenes e musgos.

2 comentários:

Anónimo disse...

O Programa SBT realidade mostrou os jovens esquimós que não se identificam mais com sua cultura e a tentativa deseperada de uma senhora para reverter essa situação. Como pesquiso patrimônio cultural e identidade, gostaria de maiores informações.
simone

alberto disse...

Muy interesante y fascinante poder estar en ese lugar de visita durante unas dos o tres semanas.